Monday, January 23, 2006

 
DALAI LAMA:

"...Se desejamos uma boa morte, temos de começar por aprender a viver bem, e, para termos esperança num fim pacífico, precisamos cultivar a paz na nossa mente e no nosso modo de vida."

Alguns poderão pensar que a morte é algo de sinistro ou doentio, sobre a qual não deveríamos, sequer, pensar. E no entanto, de forma equilibrada, sem dramas nem agitações, se nela pensarmos e meditarmos, toda a vida se reveste, a pouco e pouco, de uma radiância única e preciosa, e começamos a descobrir beleza em sítios insuspeitados...

Aprendemos a dar valor a cada momento, trazemos do fundo da noite a beleza mais pura que nimba o nascer do Sol e veremos, em cada rua, em cada flor inesperada nascida onde menos se espera, um milagre.

Viver com a morte, na Vida, é apenas uma forma de sabermos sempre que um dia retornaremos à origem, ao Universo Pai-Mãe de onde provimos. Que nesse centro de onde tudo provém, "há uma Paz que ultrapassa toda a concepção" e "uma Força que renova todas as coisas".

Viver a solidão perante a Morte e a Vida é não estar nunca só, mas poder usufruir do Silêncio libertador e da beleza natural. Mas viver um Relacionamento (ou todos os relacionamentos) perante a Morte e a Vida é tentar dar o tudo por tudo para requalificar a maneira de se abrir ao Outro (aos outros) mas fazê-lo SEM ESFORÇO.

Amar perante a Morte e a Vida é a REALIZAÇÃO do Ser Humano perante toda a criação.

Marisa Maia

Foto de Isabel Nobre

Friday, January 20, 2006

 
O Círculo do Amor

Que poderemos entender por este título?

Não vivemos isolados no Universo, há uma força oculta que nos liga, não apenas aos homens, mas a todos os seres. Com efeito, todos os comungam dessa Bênção especial que é o Amor.

Só o Amor conseguirá, um dia, modificar a atitude dos homens que são capazes de provocar dor e sofrimento aos seus semelhantes, sem a menor consideração pelos seus sentimentos. Todavia, quando nos referimos ao “círculo do amor”, não estamos a pensar apenas no homem, pensamos sim nos outros reinos: animal, vegetal, etc.. Para esses, o “círculo de amor” é indispensável e, se todos os humanos fossem capazes de enviar sentimentos puros, generosos, compreensivos, para o mundo, a sua atmosfera seria completamente melhorada.

Temos falado com frequência da ideia errada que prevaleceu em muitas sociedades àcerca do relacionamento do homem com os animais, como se estes existissem apenas para serem utilizados e até destruídos pelos humanos.

Contra esta atitude, devemos lembrar uma das ideias fundamentais de Gautama Buda, que considerava a compaixão para com todos os seres como sendo essencial.

São João Crisóstomo (347/407), de igual modo, afirmou que devemos mostrar para com os animais “grande bondade e gentileza, por muitas razões, mas, acima de tudo, porque eles são da mesma origem que nós próprios”.

Desenvolvendo este sentido da “compaixão”, será possível religar “Deus e a Humanidade”. Como é sabido, o círculo é um símbolo sagrado para muitas culturas, representando a unidade da criação e a ausência de “vazio” de origem independente. O círculo sagrado é a vida eterna para os Budistas Tibetanos. A cruz do Cristianismo, como a estrela do Judaísmo, colocam-nos no círculo sagrado. É central para todas as formas de existência, porque não há hierarquia: todas as existências são da mesma origem e essência. É uma ideia semelhante à de São Francisco de Assis, quando afirmava que “através da Natureza podemos compreender Deus, porque tudo está no Uno”.

Albert Schweitzer falava de maneira semelhante, quando observou: “se um homem começar a pensar no mistério da sua vida e nos laços que o prendem à vida que enche o mundo, só pode sentir reverência pela Vida”. “Esta reverência surge espontâneamente uma vez que experimentemos a comunhão que nos liga à vida e enche o mundo”.

Quando sentimos uma ligação íntima com todas as criaturas e conhecemos a nossa unidade com o Universo, comungamos com toda a Criação. Assim, tornamo-nos humanos e civilizados.

Podemos sentir-nos unos com os animais e com a Natureza, quando nos libertamos das pressões do humanismo secular, de modo a que o nosso espírito e o de todos os seres vivos possam fundir-se no campo unificado do Grande Espírito do SER. Deste modo, podemos conhecer Deus. A comunhão com os animais e a Natureza é uma forma de experienciar a divindade. Nós e todos os seres somos realmente uma grande família, como disse Michael Fox: “como indivíduos, somos todos aspectos de um só EU e de uma só Humanidade”.

Tal como os outros animais, somos manifestações da mesma Criação, temos a mesma origem e ligação com a vida, por isso deveríamos respeitar todos os seres vivos como irmãos. É o nossos pensamento dialista e hierarquizado que nos leva a acreditar que somos superiores aos outros animais. O nosso corpo e a nossa Alma são vistos como separados: o corpo com a sua fragilidade física e paixões animais é considerado inferior. A Natureza deve ser sacralizada e respeitada.

Todas as pessoas divinamente inspiradas revelam o Divino, o Deus interior. Quando comungamos com o canto das aves, o sussurrar das folhas, descobrimos a nossa comunicabilidade com os outros seres. Devíamos respeitar a libertade dos outros animais, que, quando metidos em gaiolas, jaulas e circos não beneficiam da nossa consideração nem se torna possível verdadeira comunicabilidade com eles.

Temos referido vários aspectos da vida, em que o sentimento do Amor surge por detrás de tudo e constitui, de facto, o grande “Círculo do Amor”, que nos leva a uma unidade profunda e séria com toda a Criação.

Julgamos ter mostrado como nós próprios e todos os seres do mundo, constituimos o referido “Círculo do Amor”, que nos deve ligar cada vez mais, de modo a permitir-nos sentir que não somos “estranhos” na Natureza e que temos em nós algo de Divino.


Bibliografia:

A New Covenant With Nature – Richard Heinberg;
The Boundless Circle – Michael W. Fox;
The Power of Peace – James A. Swan.


Maria Guilhermina Nobre Santos
Sessão de Encerramento da Sociedade Portuguesa de Naturalogia.
Foto: Isabel Nobre Santos

Tuesday, January 17, 2006

 
SOBRE A COOPERAÇÃO... UMA REFLEXÃO.
Contributo do Dr. João Parente, membro do Ramo Lótus Branco:

“Quando muitas vezes se fala em cooperação e outras expressões similares, não se pensa verdadeiramente no alcance que têm nos mais diversos domínios.

Unidade é conceito básico de todos os movimentos de carácter espiritual. Pois o conceito está a chegar às áreas tecnológicas, designadamente economia, gestão e outras ciências sociais. O texto em anexo é extraído de um artigo escrito por um autor brasileiro que se ocupa, designadamente, do conceito de "METACOMPETÊNCIAS" que está a revolucionar os paradigmas do conhecimento, designadamente nas áreas referidas. Vale a pena ler.”

João Parente


“Quando falamos em união de forças, não estamos nos referindo apenas à união de indivíduos iguais, que, por serem iguais, naturalmente se juntam. Os diferentes também se aglutinam e, dessa forma, se assemelham. Na natureza temos vários exemplos, como o do líquen, que parece uma planta, mas na verdade é um organismo misto, formado pela junção de um fungo com uma alga. O fungo fornece a água de que a alga precisa para fazer a fotossíntese. O resultado nutritivo dessa reação química é distribuído entre ambos, e todos ficam felizes. Esse fenômeno chama-se simbiose, termo que em latim significa exatamente vidas juntas.
O líquen é um exemplo de seres diferentes que se juntam para poder viver. Separados, morreriam rapidamente. Já os humanos são, em princípio, semelhantes, mas nem por isso se toleram, em função de suas pequenas diferenças. E é exatamente a intolerância com as diferenças que provoca a desagregação social e produz a fraqueza da humanidade. Hoje vivemos à sombra do fundamentalismo. E o que é o dito-cujo, senão a intolerância levada a extremos? O fundamentalista diz: “Eu o odeio, porque você não pertence à minha religião, à minha classe social, à minha nacionalidade ou à minha cor de pele”. E é o homem que é o ser racional? O líquen parece mais inteligente.
Juntos, mas nem tanto
Há outra fábula que parece mostrar o caminho das pedras. Durante a era glacial, a maioria dos animais não resistia à baixa temperatura que se instalara na Terra e simplesmente congelava e morria. Foi quando uma manada de porcos-espinhos percebeu que, para se manterem vivos, seus membros deveriam ficar juntos para conservar a temperatura e a vida. Dessa forma, o calor de um aquecia o corpo do outro, evitando desperdício térmico, agasalhando-se mutuamente.
A solução parecia perfeita, entretanto um inconveniente veio para atrapalhar o plano: quanto mais juntos ficavam, mais aquecidos se sentiam, mas também mais se feriam com os espinhos uns dos outros. Magoados com as espetadas mútuas, voltaram a separar-se. Separados, começaram a morrer de frio. Foi então que, premidos pela necessidade do convívio, tiveram que aprender a coexistir. Mantiveram a idéia da aglutinação, mas agora respeitando um pequeno espaço entre eles, o suficiente para que seus espinhos não ferissem uns aos outros."

Extracto do artigo de Eugénio Mussak, “A união faz a força”, escrito sob o lema:
A vida em sociedade fica mais fácil se entendermos
que dependemos uns dos outros para viver melhor

Foto é de Isabel Nobre: Patos nadando perto da Fortaleza de Naarden, HOLANDA.

Monday, January 16, 2006

 
Citação de José António Lutzenberger, Ministro Brasileiro do Ambiente, em declarações ao Sunday Times, em Março de 1991:

"A moderna sociedade industrial é uma religião fanática. Demolimos, envenenamos e destruímos todos os sistemas de vida do planeta. Assinamos notas de dívida que os nossos filhos não poderão pagar... Actuamos como se fossemos a última geração sobre o planeta. Sem uma mudança radical nos corações, nas mentes e nas visões do futuro, a Terra acabará por ser como Vénus, calcinada e morta".

Comentário:

Todas as energias alternativas estão prontas há mais de trinta anos (energia eólica, solar,das marés, bio-energia, etc.). Porém, há quem não queira abdicar dos fabulosos lucros que o petróleo proporciona. Sabem todos que os gases libertados pela combustão do petróleo destroem a camada do ozono. Sem esta, os raios solares aquecem demasiado a terra, derretem as calotes polares, aumentando o nível das águas que, mais cedo ou mais tarde, invadirão os terrenos costeiros, fazendo desaparecer a paisagem tal como a vemos actualmente.

O próprio peso dos biliões de litros de água das calotes polares no mar, faz pressãp sobre um núcleo central da terra, provocando o necessário ajustamento das placas tectónicas. Ao ajustarem-se, estas provocam terremotos, maremotos, com as consequências de que temos conhecimento agora, depois dos ainda recentes acontecimentos no sudoeste asiático.

Que dizer dos comentários que são feitos atribuindo a responsabilidade destes acontecimentos a "catástrofes naturais", "fúria da natureza", "fenómenos da natureza"?

José António
Foto Isabel Nobre Santos

 
"LÓTUS BRANCO" - Texto de Félix Bermudes


"Lótus Branco! Flor de magia e de mistério, que desdobras através dos elementos da matéria física todo o maravilhoso simbolismo da Alma Humana!

Como Ela, tu vais buscar à terra, penosamente, numa luta laboriosa e oculta de todos os momentos, no trabalho incessante das tuas raízes, o sustento da planta grosseira e informe que há-de fender as águas, conquistar o ar livre, abrir-se em largas folhas ao esplendor do sol e desabrochar por fim, em pleno espaço, livre, radiosa, imaculada e linda!

E quando a tua corola se debruça na superfície dos lagos espelhados, as pétalas de neve que balançam na brisa a sua alvura sem mancha, para sempre perderam a memória do lodo, onde as tuas raízes se revolvem e afundam, na ânsia de colher para ti a pura essência da vida que te anima."

Foto - Isabel Nobre Santos

Breve História do Ramo Lótus Branco

O Ramo Lótus Branco foi criado nos anos quarenta. O seu Presidente era o Sr. Breia, casado com a escritora Helena de Aragão. O Ramo reunia em casa do seu Presidente, na Avenida 5 de Outubro, em Lisboa.
Quando o Presidente Breia se retirou, assumiu a Presidência do Ramo a Dra. Maria Gilhermina Nobre Santos, ainda hoje sua Presidente.

A partir do momento em que houve em Lisboa uma Sede oficial da Sociedade Teosófica de Portugal, o Ramo passou a reunir lá.

O ambiente do Ramo é de abertura de espírito e de fraterna amizade. Ao longo dos anos o seu programa de estudos tem variado, mas sempre focado nas matérias fundamentais do Ensinamento Teosófico e com o acento tónico no desenvolvimento da compaixão.

Nos últimos anos, os Ramos Lótus Branco e Koot Hoomi têm reunido em conjunto, transformando aquilo que até aí era uma frequência quinzenal da STP, numa presença viva semanal em que todos aproveitam e partilham conhecimentos e descobertas.

Os dois Ramos reunem-se, assim, semanalmente às quartas feiras, a partir das 21 horas até cerca das 22h30.

 
A Dra. Maria Guilhermina com a família